Apague,
tempo, as horas perdidas
E dê-me
outras que com elas farei uma nova antiga vida
E as
gastarei como faz uma lima
A devastar o
que não serve
E aprenderei
a não ser breve
Demorarei-me
no portão
A esperar
minha amada
E ouvirão
pela estrada
O bater do
meu coração
Em cem mil
badaladas...
Devolva-me,
tempo, os silêncios que pronunciei
E neles
porei palavras que guardei
Para dá-las
ao meu amor,
Que estava a
sonhar na janela
E nem
percebeu quando lhe atirei uma flor...
Esqueça-me,
tempo,
Deixe que me
perca nos braços do vento
E não exista
como coisa que pesa
E que alguma
diferença faz,
Serei um
inquieto, porém longínquo mar,
Uma porção
de grama na campina florida
A esperar os
que amam e celebram a vida...
Se não der,
tempo,
Sutenta-me
por mais momentos
Para que eu
possa então declarar meu amor e paixão
E erguerei
meus versos ao palácio que contemplo,
Onde mora o
amor,
E ele, sei,
ouvirá minhas preces e dirá onde moro
À amada, meu
desejo, que tanto espero,
Que virá sem
demora...
Dê-me mais
tempo, tempo, o tempo que for,
Em séculos,
instantes ou agora.
Que coisa mais linda!
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