terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Dê-me o Tempo que for



Apague, tempo, as horas perdidas

E dê-me outras que com elas farei uma nova antiga vida

E as gastarei como faz uma lima

A devastar o que não serve

E aprenderei a não ser breve

Demorarei-me no portão

A esperar minha amada

E ouvirão pela estrada

O bater do meu coração

Em cem mil badaladas...

Devolva-me, tempo, os silêncios que pronunciei

E neles porei palavras que guardei

Para dá-las ao meu amor,

Que estava a sonhar na janela

E nem percebeu quando lhe atirei uma flor...

Esqueça-me, tempo,

Deixe que me perca nos braços do vento

E não exista como coisa que pesa

E que alguma diferença faz,

Serei um inquieto, porém longínquo mar,

Uma porção de grama na campina florida

A esperar os que amam e celebram a vida...

Se não der, tempo,

Sutenta-me por mais momentos

Para que eu possa então declarar meu amor e paixão

E erguerei meus versos ao palácio que contemplo,

Onde mora o amor,

E ele, sei, ouvirá minhas preces e dirá onde moro

À amada, meu desejo, que tanto espero,

Que virá sem demora...

Dê-me mais tempo, tempo, o tempo que for,

Em séculos, instantes ou agora.

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